Minha mãe diz que, quando eu tinha uns três anos de idade, toda vez que o New Kids on The Block aparecia na televisão era como se eu entrasse em transe. Ficava praticamente hipnotizada, provavelmente sem ter nem ideia do que eles eram, mas tudo bem.
Vinte anos depois, assistindo televisão de bobeira, me pego hipnotizada do mesmo jeito por um clipe. Como não estava prestando atenção, demorei pra me tocar de quem era. Na verdade, nem passava pela minha cabeça. Uma boyband ressurgir das cinzas e com uma música tão diferente do final de carreira de outras boybands que um dia eu tanto gostei era algo meio inimaginável. A banda era justamente o New Kids on the Block. E o clipe era esse aqui:
Na realidade, eu não vivenciei muito da febre pelo NKOTB. Na minha pré-adolescência eles já estavam praticamente esquecidos da MTV, dando lugar a (esses sim, obsessões dessa época) Hanson, Backstreet Boys, N Sync, 5ive e tantos outros que surgiram na conveniência da moda. A vida sem internet era muito mais limitada nesse sentido, eu dependia do que via na televisão ou do que outras pessoas me indicavam, então geralmente me atrelava ao que estava em destaque no momento.
Assisti a ascensão e declínio de todos esses grupos. Das avenidas e shows lotados até os últimos CDs fracos e notícias de rompimentos. De memória, sei que os Backstreet Boys permaneceram juntos (mesmo sem o Kevin), assim como os Hanson, ambos tendo dado pausas nas carreiras e retomado há mais ou menos uns cinco anos atrás, mas nunca mais ouvi as músicas novas com o mesmo espírito.
Talvez porque eu também tenha crescido e meu gosto musical mudado de forma irrevogável, onde eu gosto do pop que eu ouvia com 11, 12 anos porque está na minha memória emocional, mas se ouvir músicas atuais do mesmo tipo, não consigo processar da mesma forma. Talvez porque eles não queiram mais soar com algo que reproduz pessoas que eles já não são.
Quaisquer que sejam os fatores, nesse dia em que eu me peguei hipnotizada pela televisão alguma coisa soou diferente. Alguma coisa me levou de volta àquela época. Que bonito amadurecer e ainda assim conseguir captar alguma essência do que nos comovia. Não eram adultos personificando "New Kids", nem defasados interpretando seu final de carreira. Era a passagem do tempo trabalhando da mesma forma que envelhece um vinho.
Quaisquer que sejam os fatores, nesse dia em que eu me peguei hipnotizada pela televisão alguma coisa soou diferente. Alguma coisa me levou de volta àquela época. Que bonito amadurecer e ainda assim conseguir captar alguma essência do que nos comovia. Não eram adultos personificando "New Kids", nem defasados interpretando seu final de carreira. Era a passagem do tempo trabalhando da mesma forma que envelhece um vinho.
A letra da música fala sobre um tema que já cansamos de ouvir, a história da menina excluída na escola que se transforma e se torna o centro das atenções. Caindo para sexualizações óbvias como "I like the way you do it" e "sexy baby", também remete à pressão que as mulheres sofrem para serem, além de tudo, bonitas, com o trecho "I forgot to mention / My baby's so intelligent / Down with it / Independent / Got it all". Podemos colocá-la facilmente na categoria de, bom, letras ruins.
Mas aí vem a surpresa. Quando assistimos ao clipe, a letra toma um novo sentido.
Logo no início, somos apresentados à protagonista do clipe, uma mulher gorda, sentada num sofá no meio de uma festa. As legendas apresentam o nome da atriz, Artemis Pebdani, seguido da legenda "as The Lonely and Awkward Wallflower". A próxima cena mostra a atriz lavando o rosto no banheiro, como uma metáfora para se limpar, se renovar, que é justamente o que acontece.
Ao mesmo tempo em que a música começa, a personagem entra em contato com sua autoconfiança e começa a dançar. Like no one's watching. Do banheiro para o resto da casa, sem se importar com os olhares de surpresa das pessoas que não estavam acostumadas com esse lado dela. Esse tipo de cena, d@ gord@ engraçad@ que faz palhaçadas (no caso, dançar) para os outros rirem é outro clichê cinematográfico. Porém, nesse clipe, ninguém está rindo dela. Ninguém está ridicularizando ela, por mais excêntricos que sejam os movimentos, ela nunca é diminuída por estar dançando, ou por ser gorda. Conforme o clipe vai passando, observamos que ela na verdade traz vida para a festa, tirando as pessoas de seu comportamento default.
Vemos essas duas meninas com vestidos iguais a estampa do papel de parede (que por sinal, são flores. Wallflower em uma tradução literal significa "flor de parede", han). Porém, elas se encaixam no estereótipo comum de meninas bonitas e populares do colégio. Num comentário do Youtube, encontrei a seguinte interpretação:
adorei o texto, pra variar.
ResponderExcluirsó uma coisa, sandy nem me entristece.
acho ruim mesmo a menina de breakfast club q usa rosa no final :(