6 de outubro de 2013

Do Fotolog ao Instagram

Gosto do Instagram, mas ainda não entendi qual a grande graça. Aparentemente, ele é um Fotolog melhorado, onde a instantaneidade produz coerentes interações, e onde você não precisa ter uma Gold Cam pra postar mais de uma foto por dia ou receber mais de 10 comentários.

Parte de mim é nostalgia pelo falido site citado acima. No fotolog, com suas limitações e a inexistência de celulares com câmera (menos ainda com internet), existia um filtro diferente para o que era postado. Como você só podia postar uma foto, ela tinha que ser bem escolhida. E como existia espaço o suficiente para escrever e para as pessoas comentarem, você podia se permitir usar a imagem e o texto como elementos complementares para transmitir determinada mensagem ou emoção.








Claro que nem tudo era perfeito. Existiam as fotos de grupo onde você não consegue identificar ninguém, as pessoas que só postavam determinadas fotos de si mesmas, e o que eu costumava chamar de "ovelhas": pessoas que nunca liam os posts dos outros, comentavam coisas óbvias do tipo "linda!" ou "só passando por aqui!" e posteriormente imploravam para você adicioná-los nos amigos/favoritos ou para comentarem de volta.

Existia a hierarquia do Gold Cam, onde o pagamento de uma mensalidade te garantia a possibilidade de postar quantas fotos quisesse por dia e cem comentários por post. Não era muita gente, mas quem tinha essa regalia geralmente se transformava em uma quase celebridade virtual (MariMoon veio de lá, para lembrar de um exemplo).

Eu não gostava dessa parte do Fotolog. Apesar de durante muito tempo ter valorizado quantos comentários eu recebia e ter sido uma dessas que postava as famosas ego-shots, sempre usei o fotolog como forma de expressão, e sempre valorizei o que os outros postavam da mesma forma. Não importa se era uma foto aparentemente aleatória e uma letra de música - sempre havia um sentido. Era importante não subestimar isso.




Mas aí surgiu o Orkut, o YouTube, o Facebook, o Twitter, todo o resto de redes sociais que usamos. O Fotolog fez algumas mudanças estranhas, criou um comércio de suas utilidades, um perfil para cada usuário, enfim. Despopularizou entre as pessoas ~da minha área~, provavelmente popularizou em outras (já que ativo ele continua). Depois, surgiu o Instagram. Em nossos super celulares, com câmeras de 8 megapixels, internet 3G e tudo o mais, agora podemos tirar fotos de qualquer coisa, compartilhar a qualquer hora e, no mesmo sistema do Facebook, ganhar curtidas e um ou outro comentário. 

Na cultura do instantâneo, não existe muito espaço para reflexão, embora a expressão artística e desenvolvimento da mesma continuem sendo trabalhados. Não existe espaço para longos textos e pensamentos profundos, mas podemos colocar quantas hashtags quisermos e assim tornar nossas fotos visíveis para mais e mais pessoas curtirem. Não há muita valorização da fotografia em si, ou da combinação de texto + imagem, e sim de um status, um update. Algo que você está fazendo no momento e que, quando compartilhado, adquire mais valor pelas pessoas curtirem, ou seja, reconhecerem que o que você está fazendo é legal e interessante.







Não quero parecer que estou criticando integralmente essas condições. Eu também faço parte dessas coisas. Gosto de ver fotos dos outros, curtir e de vez em quando postar. Mas tenho uma relação de vai e volta em ondas com o exibicionismo e reflexão demais sobre minhas atitudes. Não sou isenta do poder de sedução da resposta positiva imediata sobre qualquer coisa publicada, mas na maioria das vezes acho mais desnecessário do que necessário postar o que for, só por postar. Para receber elogios? Para mostrar que fui em algum lugar? Que estou com determinada pessoa?

Eu também preciso de validação vinda dos outros, também adoro elogios, e também sinto impulsos de dividir coisas que vejo ou vivencio por aí (Happiness is only real when shared, não é?), mas sinto que não é uma foto no Instagram que vai resolver meus problemas ou fazer eu me sentir melhor comigo, ou que determinada roupa ou comida precisa entrar no conhecimento dos outros para que eles pensem que eu sou melhor por isso. Se for para compartilhar, prefiro compartilhar imagens que me façam refletir, que reflitam o que estou sentindo, ou que aqueçam o coração com beleza e carinho. Menos um registro de coisas que eu fiz, mais um registro de experiências que eu vivenciei.


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Ilustrei esse post com fotos que eu recebi no Rando, um aplicativo de fotos que, por sua vez, é totalmente anônimo e minimalista. Você tira uma foto, o programa envia para outro usuário em qualquer lugar do mundo. Em troca, você recebe uma terceira foto, também de qualquer outro usuário e lugar. Não dá pra saber quem enviou, não dá pra comentar ou curtir. As únicas coisas que você pode fazer é ver de onde vieram as fotos que você recebeu e para onde foram as que você enviou. Também dá para classificar como imprópria e bloquear o usuário, mas até hoje não precisei fazer isso. Pois é, as pessoas ainda conseguem ser coerentes com uma proposta e não avacalhar tudo :)

Esse aplicativo me deixa feliz porque, ok, nem todas as fotos que recebemos são uma maravilha (aonde seriam, né?), mas mesmo assim temos um vislumbre rico da vida em outros lugares, por mais insignificantes que as fotos possam parecer. É como uma troca de segredos, de algo tão íntimo e banal quanto a calçada da nossa casa, mas vista por olhos que nunca encontraram os seus e transformadas em poderosos detalhes que contém milhões de significados. Guardo as fotos que recebi como se fossem tesouros, e me permito divagar sobre suas histórias e esse outro lado, que muito mais me agrada, das fotos instantâneas.







A localização das fotos, em ordem: 1. Noruega, 2. Coréia do Sul, 3. São Paulo, 4. Texas, 5. Chicago, 6. Georgia, 7. Califórnia, 8. Alberta, 9. Ucrânia, 10. Flórida, 11. Finlândia, 12. Romênia, 13. Rússia, 14. Inglaterra, 15. Nova Iorque.

8 comentários:

  1. uHAUHAUHhauA brinks!

    Também não gostava do instagram, mas não é que achei perfis que iam além do #pratododia #projetoverão. E como eu andava tirando fotos que gostava e não tinha onde postar (RIP novo flickr) eu acabei me rendendo. Acho que é uma maneira de deixar um registro para você mesma ver depois de algum tempo. Eu deletei meu fotolog e as vezes me arrependo, gostaria de voltar e ver minha adolescência lá, rir e chorar ao ver as coisas que eu escrevia, os comentários, etc.

    Adorei as fotos do seu Rando! guardo todas as minhas também! Viciou né? :) foi uma das melhores coisas que eu achei em 2013 e já repassei pra umas 5 pessoas que também adoraram! Fico vendo horas com a minha irmã o que cada uma ganhou hahaha! Adorei as Finlandesas fazendo joinha! Eu adoro receber fotos de paisagem também. Tão bonito ver lugares diferentes né. :}

    chega, foi quase um post isso aqui :*

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    1. pois é, acho que a solução é não seguir essas pessoas #projetoverão e seguir as legais mesmo. e tem realmente coisas muito legais no instagram, fora a facilidade de não precisar chegar em casa, editar, etc. tem o lado bom disso também.

      não apaguei meu fotolog porque justamente é meu diário daquela época, então de vez em quando é legal dar uma olhada hhahahaha

      e o Rando é muito lindo <3 quero ser amiga das finlandesas, adorei também hahahaha
      as paisagens são minhas preferidas, mas gosto quando recebo (curiosamente) comidas diferentes também.

      :*

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    2. pois é.. não devia ter apagado o meu. mas foi nessa época que eu comecei a apagar as coisas a a deletar pessoas AHUHUAHUAHUA :~ essa vida loka.

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  2. tô nem aí que a p. fez a mesma piada
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    eu gosto do instagram pq os artistas aderiram e isso é muito bom pra mostrar a normalidade (e até a banalidade) deles.
    como boa e velha reaça da internet (?) eu nao gosto de hashtags, nem mil fotos por dia, nem todo santo prato de comida nem egoshots nem o fato de likes substituirem comentários.
    do fotolog eu tenho vergonha quando lembro do meu, também cedia aos momentos superstar. mas era muito divertido escolher ~a foto~ e escrever um post e as pessoas lendo
    e também, se nao fosse pelo fotolog. como iria ter conhecido minha melhor amiga?

    .^.

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    1. IGNORANDO A PIADINHA DE VCS OK~~~~~~~

      é verdade, mas ao mesmo tempo que acho que agora a gente pode ver que os artistas também são "normais", tem aquilo de todo mundo achar que é artista ou que vai ser. acho que a idolatração dessas pessoas não diminuiu pq agora a gente pode ver fotos e tweets dos famosos, mas sim aumentou, como se mesmo eles não fazendo nada de produtivo (tipo paris hilton), as pessoas continuam querendo ser que nem eles e achando as fotos o máximo.

      e né, quanta coisa o fotolog me trouxe <3 como falei pra patí, não apago porque é como se fosse meu diário daquela época, claro que não tem tudo, mas pela foto, pelo texto, pelos comentários, eu lembro de tudo e é divertido ver o quanto eu mudei. não tenho muita vergonha, só de algumas coisas preconceituosas que eu falava ou dramas demais, mas é bom pra lembrar que essa consciência de hoje não veio do nada e que ainda tenho muito o que melhorar xB

      .^.

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  3. E as pessoas que só postam fotos de câmeras profissionais no instagram? como proceder uhahuahua
    eu não curto não.

    Não curto também colocar hashtags nas minhas fotos, porém, eu acabo usando # para procurar algumas fotos pelo instagram. É só saber que # usar :)

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