13 de março de 2014

Elena (2012)


Ontem comentei com o Andre que aprendo muito observando os outros. E uma coisa que sempre me incomoda é perceber que há algumas pessoas que não creditam devidamente histórias autobiográficas. Textos, filmes, obras de arte, o que quer que seja, são julgados como egoístas e fúteis simplesmente por dizerem respeito à vida de uma pessoa, e não à um arquétipo ou ficção.

Eu nunca consegui pensar assim. Pra mim, uma das coisas mais enriquecedoras é justamente conhecer pessoas a fundo. Saber de segredos e fatos, acompanhar o desenrolar de eventos, ver de onde elas vieram e onde chegaram. Reconheço que a importância dos mitos na nossa vida é inquestionável, mas mais do que isso, estou primeiro interessada em saber como as pessoas que nem eu se transpuseram para então encontrarem as metáforas que representam todos nós.

Em Elena, filme que exemplifica bem isso, Petra Costa faz um trabalho maravilhoso. Ela conta a história de sua irmã através de filmes caseiros, gravações em audio, diários, fotos e lembranças de parentes e amigos, tudo isso com extremo cuidado e sensibilidade de imagens, de palavras, de mensagem.

Elena tinha depressão e desistiu de viver. Um ano antes, era uma mulher com muitas possibilidades em Nova Iorque. As coisas mudam. Ela tinha vinte anos, Petra tinha sete - a pior idade, como Elena lhe disse no dia de seu aniversário. Que angústia guardar essa memória vinda justamente da boca de quem causaria tanta dor.

Durante o filme, Elena diz que teme não ter raízes profundas o suficiente para quebrarem o asfalto. Que sua semente mal tem forças para brotar. E, na reflexão melancólica ao final do filme, vemos que ela é, na verdade, a força e as raízes de Petra, por onde tudo passa e de onde tudo se inspira. É a metáfora de Ofélia que aparece no filme, o afogar de tantas coisas, a passagem, a transposição da dor em arte. Elena existindo dentro de Petra e as duas existindo dentro de sua mãe, que um dia abrigou os mesmos pesadelos e sonhos.
"Pouco a pouco as dores viram água, viram memória. As memórias vão com o tempo, se desfazem. Mas algumas não encontram conforto, só algum alívio nas pequenas brechas da poesia. Você é a minha memória inconsolável, feita de pedra e de sombra. E é dela que tudo nasce e dança."
É um filme de amor e de família. De ligações e de como sobreviver com a ausência de alguém que, por tão próximo, fazia parte de você. A inevitável culpa, as memórias que ficam, e as que se dissolvem. Impossível não se envolver e se abalar com tanta sinceridade e amor. Lindo.

3 comentários:

  1. que lindo e triste *-*
    esse filme teve campanha pra passar por aqui, mas nem deu nada. uma boa lembrança pra interminável watchlist do imdb ;*

    add q eu te add (:

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  2. desde que saiu to doida para ver <3
    sinto um pouco de falta de conhecer as pessoas mais a fundo e um pouco de falta de coragem de me abrir mais pras pessoas. A vida tem dessas coisas uhauhauha

    to adorando o blog :} adoro pensar no que comentar! ainda não criei coragem de ter um blog. quem sabe :D acho que consigo me expressar mais com imagens do que com palavras D:

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    1. acho que vc vai adorar *_*

      e ownnnn, obrigada :B <3 vc pode fazer aquelas tirinhas mudas, e fazer comentários em tirinhas também hahahahahaha xD

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